10 dezembro 2005

O Centro de Saúde

Se há serviços públicos em Joane que nos envergonham, o campeão é, na minha opinião, o Centro de Saúde.
O que se passa naquela casa é inacreditável. A forma como é gerida só tem um nome: incompetência. As histórias que se contam são inúmeras. Conto a minha. Por pura felicidade, por apenas uma vez tive de recorrer ao centro de saúde.
Numa bela tarde, lá perdi umas horas de trabalho e fui marcar uma consulta.
Correu bem, e consegui uma consulta para o dia seguinte. A coisa já foi mais complicada quando perguntei a que horas era a consulta. A criatura atrás balcão ficou genuinamente surpreendida e respondeu sem pestanejar que não se marcavam horas. Eu devia aparecer no centro de saúde o mais cedo possível, para marcar vez...
Fiquei siderado. Não se marcavam horas... Pouco disposto a perder mais horas de trabalho do que as necessárias, perguntei então a que horas chegava o médico, e a que horas saía, de forma a que a minha pudesse ser a última consulta da tarde. A resposta foi novamente brilhante: o médico chega por volta das duas e sai quando acabam os doentes. E no dia seguinte, por volta das duas lá fui eu ao médico. O médico, escusado será dizer, não estava lá às duas horas. Eram três quando chegou. Nessa altura a sala de espera já estava cheia, como as senhoras do balcão gostam. Às cinco horas fui atendido. Perdi uma tarde de trabalho. Eu e toda a gente que ali estava.
Eu não percebo porque não é possível marcar uma hora para uma consulta. Bem sei que o semi-analfabetismo funcional das senhoras atrás do balcão não permite grandes complicações, mas se até os barbeiros hoje em dia já marcam horas, com certeza que o centro de saúde também o consegue fazer. É simples, basta uma agenda. Claro que marcar horas exige uma coisa, essa sim muito complicada. É que os médicos cumpram horas. Que tenham uma hora para chegar e outra para saír. Enquanto beneficiarem de um relógio especial, que se atrasa nas horas de entrada, e se adianta nas horas de saída, marcar horas é complicado.

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