16 novembro 2005

Análise aos resultados das Autárquicas 2005

Os resultados das últimas eleições autárquicas constituíram surpresa. Não tanto pela vitória de Sá Machado, que era de certa forma esperada, mas sobretudo pela forma esmagadora como essa vitória se materializou. Os resultados não podem deixar de ser analisados, e essa análise pode ser feita de várias perspectivas e com vários níveis de análise.
O primeiro nível de análise, e porventura o mais simplista, é considerar que a vitória esmagadora de Sá Machado se deu porque o candidato era melhor. Esta perspectiva traduz uma visão de que o que estava em causa eram sobretudo os dois candidatos. Isto, sendo verdade, não permite explicar em toda a sua dimensão o que aconteceu. Por um lado, as eleições e a campanha não foram demasiado personalizadas. Embora girando em torno dos candidatos, e campanha não se reduziu a eles e os partidos representaram um papel essencial. Por outro lado, o candidato Artur Fernandes é sem dúvida um homem sério e respeitado na freguesia. Embora pouco habituado a campanhas políticas, é difícil de perceber porque não conseguiu aumentar a votação do PSD relativamente a eleições anteriores.
Um segundo nível de análise, é considerar as listas apresentadas no seu todo. E aqui a explicação começa a tomar forma. Uma lista em coligação, como era a do PSD é sempre uma lista mais difícil de organizar. Há concessões que é preciso fazer e é forçoso reconhecer que o CDS, não valendo coisa alguma em termos eleitorais ou políticos, sabe vender-se. Vende-se bem. E caro.
O terceiro nível é analisar a candidatura do PSD em função de quem lá não aparece. Das ausências. Não tanto as ausências em si mesmo, mas pelo que elas significam. Ora, a direcção do PSD entendeu por bem proceder a uma mudança radical, não apresentando qualquer dos candidatos que representaram o partido nos últimos dez anos em Joane. Erro grave. Uma coisa é ir renovando as listas e os rostos. Outra coisa bem diferente é varrer tudo, fazer do passado tábua rasa e rejeitar toda a experiência acumulada. Para além disto, que não é pouco, neste caso concreto, a rejeição de alguns rostos do partido foi ainda uma consequência das últimas eleições internas do Partido. Erro também. Um Partido que se apresenta publicamente dividido é um Partido fragilizado. As eleições internas num Partido são um acto normal em democracia. Mas o que não pode acontecer é que eleições internas acabem por ter uma tradução pública.
Finalmente, e ainda analisando ausências nas listas do PSD, como explicar a ausência do presidente do núcleo de Joane? De tudo o que atrás se discutiu, este facto é o mais difícil de explicar. Aliás, parece-me inexplicável. Terá o presidente do núcleo que a sua presença nas listas mais do que conquistar votos fazia perder votos? Talvez. Terá o presidente do núcleo sido proibido pela hierarquia do Partido de se candidatar? Talvez. Seja qual for a resposta, a verdade é que nenhuma das respostas ajuda o Partido. Um presidente do Partido tem sempre que ter qualidades pessoais, políticas e boa imagem pública para fazer parte de uma lista em lugar de destaque.

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